De Jidá para Acaba-Jordania
Foi realmente a pior viagem que eu fiz em toda a minha vida de Marítimo.
A bem dizer ficamos aqui em Acaba quase todo o tempo da viagem, poderia ser talvez uma experiência interessante virou a pior que a alguém já possa imaginar.
Relatando a história: Os navios que faziam o chamado tramping, eram fretados, os fretadores é que tinham que arcar com todas as despesas logísticas do navio, desde os combustíveis ás despesas portuárias, a companhia de navegação só tinha que zelar pela manutenção do navio e as clausulas gerais da tripulação.
Acontece que o fretador faliu, o navio ficou bloqueado sem poder sair dali enquanto as dividas do fretador não fossem pagas.
Então com o tempo os alimentos começaram a faltar, a única coisa que tínhamos a bordo com fartura era farinha e açúcar, mesmo assim a farinha ganhou gorgulho e o padeiro tinha que crivar para que o pão não fosse recheado com os pequenos seres, a água que nos forneciam era colorida parecia whisky, nem para tomar balho servia, não havendo grande coisa para fazer a bordo a tripulação tentava passar o tempo de qualquer maneira, uma delas era beber, nos navios existia uma repartição que andava sempre cheia de bebidas , cerveja, e whisky, que nos portos era selada pelas autoridades locais, mas neste mundo existe sempre alguém que sempre arranja a forma de driblar isso, não me lembro o nome de quem, mas um tripulante arranjou a maneira de violar o selo e as garrafas de whisky eram despejadas e cheias com a água que nos forneciam, a diferença da cor era nenhuma.
Passaram-se meses e tripulação começou a ficar Insuportável, como sempre fui muito conversador, em reuniões de comissões de trabalhadores ou sindicais, sempre que eu abria a boca para dizer algo, aí estava eu eleito para alguma coisa, nesta altura em que andava todo o mundo alterado, nomearam-me para eu ir falar com o comandante sobre o que se estava a passar, e fui falar com ele. Lembro-me tão bem como se fosse hoje o que ele me disse, exatamente isto, está bem marca uma reunião geral para depois do jantar que eu vou falar com eles,
Assim foi, mais aprendizados de vida, o que me diziam a mim com uma altivez ficaram mudos alguns segundos apos o comandante Máximo ter entrado a porta, ele Disse, boa noite, não tenho muitas coisas para vos dize, apenas isto, de um lado está Israel, do outro a Jordânia, se em lançar as baleeiras ao mar para que lado querem ir? Eu aconselho Israel, se quiserem ir, eu serei o primeiro a desce, mas ainda assim preferia ficar aqui, alguém quer ir? E dito isto minguem abriu a boca.
Passou-se mais algum tempo e começaram a ouvir-se rumores que íamos embora, então eu pus-me a limpar algumas coisas que em situações normais nunca deveriam chegar aquela situação, usando aquela água barrenta e limão para cortar o efeito gorduroso, quando passa o comandante e pergunta-me o que andava eu a fazer, mais uma das coisa que em situações normais nunca faria tal pergunta, e eu respondi-lhe, andoa a dar uma pequena limpeza nisto para o rapaz que vem não se assuste de encontrar isto assim, rapaz, que rapaz, perguntou ele, então Sr, o rapaz que me vem render, não vamos ser rendidos?
Começa ele a gritar, não vamos ser rendidos coisa nenhuma, tu andas-me a gatar a água, para já com isso.
E foi exatamente o que eu fiz, deixei ficar tudo ali mesmo e fui-me trancar dentro da minha cabine, tive lá 3 dias fechado, quando alguém me ia chamar eu apenas os mandava para todo o lado menos para o céu.
Então passados três dias foi ele próprio, o comandante a dizer-me para sair dali que ia-mos embora, e assim foi, amanhã temos uma nova história.