Estadia ao largo de Luanda 

Na altura, para alem de fazerem guerra,

Ninguém pensava fazer merda nenhuma em Angola

Ficamos cerca de dois meses lá muito ao largo do porto de Lunada, quando se deu a independência estávamos lá, e principalmente de noite, parecia que assistíamos a uma festa muito á distância onde avistávamos os clarões como se fossem fogo-de-artifício, não me lembro e nem sei se alguém chegou a ir, eu pelo menos sei que não fui.

Mas também aqui tenho uma história para contar, certa tarde, já pela chagada da noite, aparece-me o ajudante de cozinha, branco que nem cal, foi certamente o primeiro colega que ele encontrou e então dizia-me, Lima está ali um homem escondido no poço da manobra, eu fui certificar-me e realmente estava lá um pobre coitado encolhido que nem rato com medo de gato. Perguntei-lhe o que estava ali a fazer? O que me respondeu que estava a fugir e que não tinha nada com ele, e realmente a única coisa que tinha era a pouca roupa que tinha vestia, levei-o ao Imediato, isto é a bordo, o segundo comandante e quem tratava de assuntos do género, lembro-me que ficou instalado a bordo e que ficou a trabalhar, provavelmente a troco da passagem e alimentação, não cheguei a saber como ele tinha chegado ao navio, depois o meu tempo a bordo também pouco mais e não soube o que aconteceu com ele.

Entretanto os alimentos acabaram e como era obvio, não era de Angola que os íamos obter, o comandante levou o navio para Cape Town África do Sul e aí continuarei a história

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